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Vacinação: muito além da saúde

Marcelo Martins

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Nos últimos dias, foi desencadeada no Brasil a campanha de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), causador do câncer de colo de útero. Mas, afinal, o que campanhas de vacinação têm a ver com a política? A seção mostra que, ao contrário do que muitos pensam, na bula da política há, sim, espaço para uma relação bem próxima entre o governo e as vacinas.

O caso do HPV é emblemático em meio à polêmica sobre a eficácia das vacinações. Mesmo que aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina contra o HPV divide especialistas _ críticos destacam possíveis efeitos adversos como infertilidade e falência dos ovários e temem uma supermedicação desnecessária das adolescentes. Contudo, mesmo sob o argumento das autoridades públicas da eficácia de 98,8% da vacina, que protege contra quatro dos mais de cem tipos de HPV (sendo dois que causam verrugas genitais, e os outros dois, câncer), fica o receio.

_ Sabe-se que, no Japão, o governo não recomenda mais a aplicação do HPV. Não há como se obrigar a pessoa a se submeter à vacinação. Mas a orientação é dada para que a pessoa fica ciente dos riscos assumidos _ avalia a coordenadora do curso de Farmácia da Unifra, Jane Beatriz Limberger.

A Constituição Federal traz no artigo 196 que "a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".

No Brasil do início de 1900, o combativo médico e sanitarista Oswaldo Cruz, que era diretor-geral de Saúde Pública _ algo similar a ministro da Saúde _ deu início a uma ampla campanha de combate contra a varíola. O governo do presidente Rodrigues Alves tornou obrigatória a vacinação contra a doença. A administração contou com o apoio do Congresso e tornou a vacina obrigatória. Porém, a iniciativa capitaneada pelo médico, voltada à cidade do Rio de Janeiro, sofreu resistência da população.

Na época, a sociedade carioca sofria com a falta de um sistema de saneamento básico e, constantemente, era acometida por epidemias, entre elas, a febre amarela, a peste bubônica e a varíola.

_ A resistência ao novo é presente. Costuma-se dizer que as pessoas se revoltaram por ignorância, mas foi, sim, a intervenção do poder público naquilo que há de mais íntimo do indivíduo, o seu corpo, o estopim para a revolta _ diz o professor de História da UFSM Vitor Biasoli.

O também historiador Eduardo Bueno, em conta do The History Channel no Youtube, avalia que a "revolta da vacina" deveria ter sido chamada "revolta contra a vacina":

_ Em 1904, o médico sanitarista Oswaldo Cruz iniciou a caça ao mosquito (Aedes aegypti) e também fez o Congresso aprovar uma lei que tornava a vacina contra a varíola obrigatória. A partir daí, o povo de revoltou e foi para as ruas para quebrar tudo. A ignorância estava entre as causas, mas os motivos da revolta eram outros: a carestia, o desemprego e a falta de moradias. A revolta durou uma semana e deixou um saldo de mais de 300 mortos. 

O inegável avanço da ciência e os benefícios à sociedade

Tem sido graças aos avanços da ciência que o homem, ao longo dos séculos, tem vivido e, principalmente, buscado a melhoria na sua qualidade de vida. Ainda nos Estados Unidos do século 18, em 1721(no estado de Massachusetts), foi aplicada pela primeira vez uma vacinação pelo físico e cientista Zabdiel Boylston.

No mesmo século, na terra dos vizinhos ianques, o médico e farmacêutico Crawford Long empregaria testava a anestesia geral. Ainda na década de 20, o médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina. Se há em todos esses aspectos, os ganhos inegáveis que a humanidade usufruiu até os dias de hoje, há também o temor de parte da sociedade na eficácia das vacinas.

A coordenadora do curso de Farmácia d"

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